Wednesday, May 31, 2006

Momento Ecológico

Com a devida vénia ao Manuel João, aqui fica um momento de consciência ecológica:

"O patético burguês olha-te com altivez
Esquecido da tua enorme utilidade
Libertas postes e esquinas
Dos pivetes, das urinas
Urinol, és o pulmão desta cidade"
in Urinol

Questões da Vida Moderna

Ainda sou do tempo (sempre quis começar um post assim, que dá o ar de um avô a falar aos seus netos) em que, quando algum amigo meu tivesse acabado de ser pai, o provocava observando que o miúdo era a cara do leiteiro/padeiro/carteiro. Hoje em dia já não é assim!

Quando é que nos tempos que correm existe uma justificação para alguém receber em casa o leiteiro/padeiro/carteiro? Não há! Só existe uma profissão que encaixa nesse perfil: o rapaz da Telepizza.

É que esse não pode deixar o material à porta ou numa caixa, tem mesmo de entregar o produto em mãos. E, como diz o sábio povo, a ocasião faz o ladrão (neste caso, o cabrão).

E esta teoria até é fácil de comprovar: andam sempre cheios de pressa!!! Porque outro motivo os tipos conduzem como se o mundo estivesse para lhes desabar em cima, se não para evitar ter de justificar ao patrão porque demoraram 45 minutos para fazer uma entrega a 3 kms de distância? Ora aqui está a explicação para esse mistério (e para o facto de haver tanto condutor louco na estrada, tal a pressa em chegar a casa ao fim do dia)!

Tuesday, May 30, 2006

Matemática Aplicada

Está na hora de começar a ter um aspecto desleixado, atendendo à idade que estou a atingir (já quase a meio dos trintas, para quem não me conhece), isto seguindo uma linha de pensamento que me parece bastante pertinente e que vi num genial episódio do Seinfeld.

Reza a história que um tipo que na minha idade se apresente muito aprumadinho é automaticamente apelidado de gay. Pior do que isso, se tiver um gato, passa automaticamente a ter um carácter oficial e não há nada a fazer (não, não tenho gato, apesar de ter dias de aprumo). Já se for um cão, aí ainda há esperança (a não ser que seja um cão de mulher, tipo um caniche).

E porquê esta minha preocupação? Não, não tenho qualquer dúvida quanto à minha sexualidade, por isso escusam de avançar com essa resposta clássica. O meu problema são mesmo as mulheres! Não se assustem nem tirem conclusões precipitadas, que eu passo a explicar.

Ora vejamos, no imaginário feminino um tipo que se mantém solteiro aos 30 e tais só pode estar num de 3 grupos:
   1. Playboy - é demasiado mulherengo para assentar
   2. Chato - ninguém o atura/ninguém o quer
   3. Paneleiro - não se interessa por mulheres

Há ainda uma quarta hipótese, que é normalmente a que nós usamos como justificação para as mulheres (mas só porque elas gostam e nos dá um ar sensível): porque ainda não apareceu a pessoa certa. Esta é até uma boa desculpa para ser um playboy até uma idade avançada, ou seja, é fácil - e fica bem, já agora - dizer que o amor é uma coisa séria e tal e que é preciso experimentar-se até se ter a certeza.

Posto isto, a qual dos 3 grupos é que eu quero pertencer? Nem vale a pena responder, pois não? Ok, eu respondo, mas antes de responder, e apenas para reforçar a ideia, esclareço que tenho a teoria de que as mulheres querem um homem difícil de apanhar para dominar. Respondam-me agora em que grupo está o mais difícil-não-impossível (que elas não são parvas e não lutam por impossíveis)? A resposta a ambas as perguntas é clara: o grupo dos playboys.

Felizmente (ou infelizmente, como já vamos ver), a maioria das mulheres associa-me ao primeiro. Nunca percebi bem porquê (não tem nada a ver com o 3º , sempre pensei que estaria na fronteira entre o primeiro e o segundo (mais para o segundo)! Para complicar a equação, as mulheres não gostam de homens demasiados mulherengos, ou seja, devemos ter ar de playboy mas não muito e só lhes dar bola a elas mas não demais (porque se não parece fácil para elas e perdem o interesse). Com isto tudo chegámos a uma equação matemática irresolúvel cuja matriz sempre me levou para o hiper-espaço (e eu a pensar que era bom em matemática!), por englobar n
dimensões.

Por tudo isto é que tenho de me desleixar enquanto não passar para o grupo dos "Assentados" (que por motivos óbvios não entrou nestas contas): é que se as mulheres me começam a colocar no 3º grupo, aí é que não me safo de certeza!!!

Monday, May 29, 2006

Brokeback Mountain

Vou acabar com o suspense sobre o assunto "Brokeback Mountain". Digo desde já que a minha expectativa para ver o filme era baixa, essencialmente porque a definição "western gay" não me atraía minimamente. Não tem a ver com o gay, que não tenho desses preconceitos - voltarei a este assunto futuramente -, muito menos com o western, mas tem essencialmente a ver com o facto de a mera perspectiva de que alguém tenha proposto "e se fizéssemos um western com gays?" não ser motivo suficiente para levar a ver um filme. De qualquer forma, arrastado por duas amigas, lá fui ver o filme...

Fui surpreendido! "Brokeback Mountain" foi um claro exemplo de como a aplicação de um rótulo - a forma preferida da imprensa mais generalista tem para tratar dos assuntos - é extremamente redutor e pode desvirtuar a realidade. O filme não é um western gay, mas sim uma história de amor que tanto podia ter-se passado entre dois cowboys (ou vaqueiros, se preferirem) como entre dois, bailarinos, futebolistas, mecânicos ou de outra profissão qualquer.

Mas vocês perguntam: "gostaste ou não do filme?" Digo já que gostei, mesmo sabendo que vai haver pessoal a torcer o nariz à minha condição de "gajo que é gajo" (pois eu digo que quem está seguro de si não tem esses problemas - lá está, mais uma vez, do que falarei num post futuro).

Há algum tempo, uma amiga minha colocou-me a questão se eu era capaz de me apaixonar por uma pessoa do mesmo sexo. Que isso seria a forma de amor supremo, uma paixão puramente espiritual, que contrariasse a própria tendência da atracção física. A questão pareceu-me estranha e desprovida de qualquer sentido e, porque para mim inconcebível (e confesso que ainda é), algo sobre o qual nunca tinha reflectido. Não assimilei bem a questão - cheguei a pensar que ela me queria confessar que era homossexual LOL - e só vi claramente onde ela queria chegar quando vi o filme.

O que achei mais interessante no filme é precisamente o facto de história se desenrolar entre um homem heterossexual convicto (a personagem do Heath Ledger) e outro eminentemente heterossexual (a personagem do Jake Gyllenhaal). Isto é traduzido pelas outras relações extraconjugais de cada uma das personagens. Ou seja, se um está a ceder meramente às convenções sociais, o outro está a ir contra o seu próprio ser.

Foi assim que eu vi o filme. Não achei que tivesse fosse o que fosse de western a não ser os cowboys e o cenário, para mim terá sido apenas A história do amor supremo e sublime. Apenas vi isso e alguma abordagem ligeira - e ainda bem que assim foi, uma vez que não era esse o objectivo do filme - aos preconceitos sociais.

Discos da Semana

Discos que rodaram no meu leitor de CD na passada semana:

  • Meds, Placebo (2006)

  • Is This Desire?, PJ Harvey (1998)

  • Takk, Sigúr Ros (2006)

  • Disintegration, The Cure (1989)

  • Techari, Ojos de Brujo (2006)


Saturday, May 27, 2006

Imagens... revisited

Ao dar uma revisão aos aspectos gráficos do blog, nomeadamente ao incluir links para outros blogs reparei um post do Pipi em que ele fala de um calendário de "nus artísticos". E fez-se luz na minha mente: "Yeaaah! Desenvolvi uma consciência artística, foi mesmo isso!!!". Que grande artista que eu estou a sair...

Friday, May 26, 2006

Imagens...

Bolas, que canseira! Para onde foram as ideias que cruzaram a minha imaginação nas últimas 24 horas e que davam tema para uns 4 posts diferentes? Isto de trabalhar em dias de calor é um martírio e esgotante. Lá terei de optar por uma abordagem séria a um acontecimento curioso, já que o meu espírito não está para brincadeiras. Bem talvez não agora, mas assim que abalar do escritório...

Ontem fui a uma exposição fotografia da autoria de um colega de trabalho. Primeira surpresa: era uma exposição de nus. Segunda supresa: eram exclusivamente nus femininos. Quer dizer, esta já não é grande surpresa, apenas é um facto abonatório para o fotógrafo. Meninas, não comecem já a pensar "pronto, estes gajos são todos iguais". Só disse isto porque, com toda a facciosidade que a minha condição masculina impõe mas também com a procura de manter a neutralidade, acho o corpo da mulher infinitamente mais belo que o corpo masculino. Logo, será concerteza mais fácil de fotografar.

O que achei mais interessante na exposição foi o facto de não achar as fotografias particularmente excitantes sexualmente, apenas belas. E ao olhar para elas a minha imaginação não voava para uma fantasia sexual, ou seja não comecei a ver na minha mente imagens minhas em actos sexuais com aquelas mulheres. Não, apenas vi a beleza das formas, do contraste das sombras, das texturas.

E fiquei em pânico! Afinal que é feito do gajo que ficava em ponta e a escaldar por ver uma tipa qualquer - mesmo que escanzelada - a passar pelo ecrã com uma das áreas de pele de uso restrito em despudorada exibição? E do gajo que gostava de ver aquelas poses estudadas e pseudo-eróticas em revistas tão insuspeitas como a "Nova Gente" ou a "Maria"? Estarei a entrar na fase descendente? Por favor, não digam: "estás a precisar de assentar" que não é essa a resposta que quero ouvir! E afastem já o diagnóstico rabetice, porque isso não é de certezinha absoluta. Prefiro pensar que depois de experimentar tantas vezes e ao longo de todos estes anos a real thing, ou seja exercitar outros sentidos que não exclusivamente a visão, reagir assim seria voltar atrás. Já sei, aquelas que são minhas amigas vão só dizer que amadureci.

Apesar de toda esta visão tão pura, artística e distanciada da exposição (he! he! he!) não me livrei de ser atacado baixa e vilmente por uma amiga que me acompanhou ao evento.Então não é que apenas porque gostei da textura de umas fotos em que a modelo estava envolta em lama levei com a acusação: "Vocês homens são todos iguais, não podem ver uma mulher enlameada que ficam logo a babar-se todos!"? É indignante! É que a lama não me estimula minimamente e nunca percebi qual o suposto fetiche que os homens possam ter por esse material. Ao menos que seja chocolate! É que além de conferir uma textura diversa à pele, ainda é muito agradável de lamber (creio que para os dois).

Thursday, May 25, 2006

Kick-off

Eis que chegou o dia. Depois de contar com o incentivo de vários amigos - obrigado a todos pela motivação - resolvi dar andamento a uma ideia que já andava a delinear há tempo: um blog onde pudesse colocar um pouco de todos os meus pensamentos.
Podem esperar por aqui um pouco de tudo. Chalaças, pensamentos marados, comentários a filmes, a música, a livros, histórias absurdas e tudo o mais que eu me lembre de escrever.
A escolha do nome do Blog foi o primeiro problema. Agradeço a sugestão à minha amiga Divy, mas esclareço desde já que não esperem aqui textos a atirar para a rabetagem: o título é "Custa-me Assentar", não é "Custa-me a Sentar", ok? Isso não impedirá que eu possa vir a abordar o tema "O Segredo de Brokeback Mountain" sem preconceitos. Afinal escolher um nome que tem tudo a ver comigo, mas que pode ser dado a trocadilhos foleiros, é também um acto de coragem. De resto como escrever sem reservas sobre muitos dos temas que conto abordar por aqui.
Fico a aguardar as vossas visitas!